9. crónicas
Flash
Agora tenho a certeza. Já muitas vezes te vi nos metros desse mundo.
Retive aquela imagem tua, algures na linha amarela entre Châtelet e La Defense agarrada ao violoncelo que se adivinhava debaixo da capa. De olhar distante a imaginar os sons graves melódicos, tristes e soturnos em posição de descanso. Depois a olhar para as inúmeras gotículas da chuva nocturna que se colaram ao vidro e reflectiam o brilho das luzes da ponte de Neully e multiplicavam esse retrato em milhares de fractais. Transportei essa visão cinematográfica de uma fantasia durante algum tempo.
Depois reconheci essa beleza inata a depositar os olhos sobre o Herald, no tube, de manhãzinha cedo entre uma vulgar cena de comutting entre os subúrbios do Norte e a zona 1, sinto que algures nesse universo de tempo escasso notaste a minha presença sem te revelares. Talvez tenha roubado esse momento fotográfico que já se apaga na minha memória.
Agora também, na cidade que me vê viver, assaltaste o reflexo do vidro ostensivamente como uma partygoer que se quer desalinhada e atraente sem qualquer esforço. Irritavas o reflexo com esse ar adolescente encarnando uma beleza naive. Custou-me sair e retomar o caminho em direcção a casa com o andar ainda encadeado sem coragem de olhar o cais já vazio.
Agora tenho a certeza. Já muitas vezes te vi nos metros desse mundo.
Retive aquela imagem tua, algures na linha amarela entre Châtelet e La Defense agarrada ao violoncelo que se adivinhava debaixo da capa. De olhar distante a imaginar os sons graves melódicos, tristes e soturnos em posição de descanso. Depois a olhar para as inúmeras gotículas da chuva nocturna que se colaram ao vidro e reflectiam o brilho das luzes da ponte de Neully e multiplicavam esse retrato em milhares de fractais. Transportei essa visão cinematográfica de uma fantasia durante algum tempo.
Depois reconheci essa beleza inata a depositar os olhos sobre o Herald, no tube, de manhãzinha cedo entre uma vulgar cena de comutting entre os subúrbios do Norte e a zona 1, sinto que algures nesse universo de tempo escasso notaste a minha presença sem te revelares. Talvez tenha roubado esse momento fotográfico que já se apaga na minha memória.
Agora também, na cidade que me vê viver, assaltaste o reflexo do vidro ostensivamente como uma partygoer que se quer desalinhada e atraente sem qualquer esforço. Irritavas o reflexo com esse ar adolescente encarnando uma beleza naive. Custou-me sair e retomar o caminho em direcção a casa com o andar ainda encadeado sem coragem de olhar o cais já vazio.