O Tempo é implacável...
É uma força inexorável, unidireccional e imparável.
Há um ano digeria com alguma inquietação a passagem de mais um ano na minha vida, questionava a razão da existência do Cosmos, procurava objectivos e respostas evidentes e racionais para sustentar a Existência e o Tempo como sua variável. Tentava solucionar uma forma de linguagem universal sob signos, fórmulas e equações para concluir um qualquer postulado religioso que resumisse a nossa Existência e a Mudança. A Morte e o Nascimento.
Hoje, a relembrar data do meu nascimento (muito honestamente pouco me recordo do momento) oiço uma música, sinto as gotas de chuva na minha cara, olho o mar cinzento à minha frente, escrevo um post na web, sinto o odor de tabaco húmido, vejo o sorriso na face das pessoas, sinto a resina das árvores, incomodam-me as buzinas dos carros, vejo os doentes a acordar de uma cirurgia, lembro-me do que me esqueci ontem, deito-me numa relva do parque, vejo um jogo de futebol, dou uma volta de bicicleta, pago uns cimbalinos a colegas desconhecidos depois do almoço, entro no jogo de sedução de uma desconhecida, danço ao sabor do reggae, folheio artigos ou livros de estudo, leio o Público no intervalo, como um gelado, mato uma mosca, leio sms de amigos, troco de roupa, compro um livro, tiro uma fotografia, leio um poema, jogo no loto, dou um arroto, conto uma advinha, chuto na bola, rio-me baixinho dos outros, dou conselhos, escapo à tortura, actualizo o tempo, mordo um dedo, coloco um pin, digitalizo um documento, durmo uma sesta, atiro um papagaio, vejo as formigas, olho as nuvens, dou uma corrida, faço um acordo, desfaço uma conversa, dou um passo, apanho um fruto, dou uma boleia, oiço as histórias aborrecidas de férias recentes, observo a corrente no rio, recebo um abraço, dou um beijo, oiço a gargalhada de uma criança e o riso de uma amiga, rascunho um mapa, dobro uma carta, grito, falo, caminho, vejo, sinto, penso, respiro... VIVO.