Vivemos momentos perigosos de tecnodependência... A existência de empresas e instituições públicas que cada vez mais contam com as novas tecnologias de comunicação para a sua gestão e estruturação tornam, por vezes, o dia comum cada vez mais perigoso para quem não dominar a estratégia que lhe está subjacente.
A informação já não é sinónimo de riqueza,
i. e. pelo princípio de oferta e procura a informação está muito desvalorizada, pois a oferta quantificada de informação é astronómica.
Cada vez mais é o tipo de informação que vale riqueza. A informação mais cotada é, exactamente, aquela que nos indica onde está a informação que procuramos.
Deste modo, aqueles que dominam a língua actual da tecnologia estão cada vez mais ricos, logo, porque ganham tempo em efectuar actividades ou tomar decisões... e tempo é riqueza, nem que esta seja transformada sob forma de tempo de lazer (entenda-se prazer).
O perigo advém da própria dependência que estes
modus vivendi pode gerar. Não me refiro a dependência antropológica mas social e até civilizacional.
Primeiro porque a infosociedade cria elites e marginais, de uma forma subtil e cínica. Numa olhada parece uma revolução democrática e generalista, anárquica mas, igualmente, capitalista defendendo os mais fortes e emprendedores como aqueles mais entregues a sacrifícios para as suas gerações futuras; no entanto, penso que a longo prazo a população real, que, por motivos seus alheios, não estavam no cais emocional e racional certo, entregam-se, sem poderem optar, à exploração óbvia, por vezes até, pelos seus próprios pares
Em segundo, porque a civilização (termo mais correcto seria a
pancivilização) infotecnológica cria dependência e hábitos que, por auto inerência, está sujeita ao ERRO.
O Erro pode ser indetectado e, de acordo com a teoria da bola de neve, em que um erro consequentemente leva outro numa dialética de fractal até se transformar num erro imparável, irreversível e de dimensões cósmicas, pode levar a possíveis consequências inimagináveis.
A ficção científica de histórias em que um comum mortal na sua vida monótona vê-se imediatamente sem identidade ou posses materiais numa prisão do Arkansas; ou em que meios de transporte de massa, como comboios, aviões foram subitamente desviados da sua rota ou ficaram sem combustível por um simples erro de cálculo de conversão de unidades, são cada vez mais reais.
Importa portanto criar uma filosofia de sobrevivência dentro desta forma de vida, que poderá passar por recuar a princípios simples e primários da existência humana, descobrir formas OBJECTIVAS de utilizar sustentavelmente as ferramentas à nossa disposição, mas, sobretudo, por fenómenos de acuidade e percepção das nossas responsabilidades individuais e dos problemas complexos a que estamos, como sociedade global, sujeitos a sofrer.